Carros Elétricos e a poluição do ar: Mito ou Realidade?

A transição para os carros elétricos (EVs) tem sido apresentada como uma solução crucial para os desafios ambientais do século 21, prometendo reduzir significativamente a poluição do ar nas cidades. Contudo, surgiram questionamentos sobre se essa mudança pode, de fato, reverter alguns dos progressos alcançados na melhoria da qualidade do ar, devido à produção de partículas por fricção, associada ao peso adicional dos veículos elétricos. Este artigo explora as nuances dessa discussão, esclarecendo mitos e apresentando fatos científicos.

Argumenta-se que, apesar de os carros elétricos eliminarem a poluição do motor ao reduzir a zero as emissões de gases nocivos, seus freios e pneus ainda dependem de fricção, o que gera partículas que podem prejudicar o meio ambiente. Algumas vozes, como a do então ministro do meio ambiente do Reino Unido, George Eustice, expressaram “ceticismo” sobre as melhorias na qualidade do ar, citando o desgaste das estradas e o peso adicional desses veículos como possíveis contrapontos aos benefícios esperados.

Ciência por Trás da Discussão

Os carros elétricos, de fato, não queimam combustíveis fósseis diretamente, eliminando a emissão de uma série de poluentes nocivos. No entanto, todos os veículos, incluindo os elétricos, geram matéria particulada (PM) a partir da fricção nos freios, pneus e superfícies rodoviárias. Ainda assim, no que diz respeito aos freios, os carros elétricos geralmente produzem menos matéria particulada devido ao uso de freios regenerativos.

Por outro lado, o peso adicional dos veículos elétricos, principalmente devido às baterias volumosas, sugere um desgaste maior de estradas e pneus. Contudo, especialistas, como os da fabricante de pneus Continental, argumentam que o desenho do veículo e dos pneus tem menos impacto no desgaste do que o estilo de condução e as características da estrada.

Perspectiva Global e Soluções em Desenvolvimento

Um estudo de 2020 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estimou que a adoção de veículos elétricos levará a uma diminuição muito marginal nas emissões totais de PM de tráfego rodoviário nos próximos anos. Quando se considera a poluição do motor, carros a gasolina e a diesel acabam sendo marginalmente piores.

A poluição por pneus é reconhecida como prejudicial, com a indústria de pneus explorando ajustes em suas composições químicas para mitigar o problema. Iniciativas inovadoras, como a do Tyre Collective do Reino Unido, propõem soluções elegantes, como dispositivos eletrostáticos para capturar partículas de pneus, com potencial para reciclagem.

Conclusão: Elétricos versus Poluição do Ar

Embora os carros elétricos sejam, de fato, mais pesados que seus equivalentes, a poluição por pneus parece ser aproximadamente comparável entre veículos a gasolina, diesel e elétricos. Os benefícios da transição para veículos elétricos, especialmente em termos de redução da poluição por carbono, são significativos.

Combater a poluição do ar permanece um objetivo importante, mas não parece oferecer uma razão para atrasar a transição para carros elétricos. À medida que a indústria automobilística evolui, espera-se um foco maior na poluição por desgaste de pneus, mas isso não deve obscurecer os benefícios substanciais para a saúde humana, flora e fauna proporcionados pela adoção de veículos elétricos.

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